quinta-feira, fevereiro 16, 2012

E nessa tentativa de voltarmos pra nós, você se perde mais e eu não encontro o caminho de volta pra mim. Nossa história nos procura... Ronda. Sonda. Encontra a brecha, se espalha em nossas frestas, se instala desesperada no que sentimos, se agarra louca ao que podemos ser pra depois se rachar ao meio toda vez que você desperdiça o momento, toda vez que eu deixo que o instante se desmanche no teu medo. E o sentimento vira vento, movimento preso no gesto falho, no afeto que vira nó... Tanto ainda pra ser vivido, mas como se conta uma história teimosa que termina sem acontecer, que não começa e não chega ao fim? Como se vive algo que se desmancha a cada palavra impensada, a cada silêncio de abismo, a cada fuga de si mesmo? E como se mata o que é tão vivo no lado de dentro e só poeira no lado de fora? E nessa busca incessantemente inerte, vou ensaiando sonhos de não te lembrar, você vai treinando fantasias de me esquecer...

Parada, calada... Ela pensava...
Tentava encontrar um motivo, um único que fosse, que justificasse a distância vazia que se instalou entre eles... Distância nunca havia sido problema, sempre estiveram próximos, a despeito de todas as ausências... Nunca se sentiram tão próximos de alguém, ainda que nem sempre estivessem juntos...
Não era a distância mas o distanciamento que a fazia muda naquele momento, tentando encontrar a “razão” que ecoava em seu pensamento...
O estranho é que o instante que estavam mais distantes era também o que mais se sentiam perto. Separados, distantes, ligados...! Ela se perdia, sem palavras, nesse paradoxo... não conseguia entender, universo paralelo do seu mundo, quanto mais queria fugir mais ele permanecia ali... o sentia tão dentro, sem gestos ou palavras tão distante... e ainda assim, tão presente, tão menino... Aquele mesmo menino que a olhava tão fundo, mesmo tão longe ela podia sentir aquele olhar, era como se ela entrasse nos sonhos dele, como se lesse o silêncio e atravessasse o vazio, para simplesmente, sentir o que ele tão quieto tinha tanto medo de dizer... Era como se enxergasse suas próprias fraquezas nas fragilidades dele... Sentia-se nele e a despeito de todos os desencontros os caminhos permaneciam...

Ser você mesmo sempre implicará conseqüências
Infernos, por vezes, virão, mas será por acreditar na tua verdade
Não ser, é nunca alcançar o céu...
Pros meus abismos nunca hão de faltar asas
Pros teus, só impossibilidades...
Nenhum céu que te traga de volta pra você...
Uma mentira acomodada, nenhuma verdade no que vive
E quando você acorda já se perdeu
Conformar-se com aquilo que você, e só você pode mudar, é como matar todo dia um pouquinho de si mesmo, perder sua essência, e depois de tudo, depois de muito tempo passado é que você se dará conta do nada que sobrou de você. No espelho já não se reconhecerá e distante de tudo o que já foi um dia e de tudo que tanto desejou sentirá tanta falta daquilo que você poderia ter vivido, da história que desperdiçou... E, mesmo assim se calará e continuará no teu abismo silencioso, nessa vida que não é tua, vivenciando sonhos que não são teus...
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