quinta-feira, março 01, 2012


Um silêncio outro
História alguma pra contar...


 


Ando calada. Tanto ainda por contar, mas nada sai. Um grito mudo na garganta, tempestade silenciosa dentro do peito... Palavras somem numa ausência... Leio um conto de Caio Fernando de Abreu (incrível, e pra você vai parecer repetitivo, que seja! Mas, no meu mais profundo silêncio é sempre ele que procuro, é sempre nele que me escuto...). Repito-me então! Sempre, sempre e sempre! E leio, e leio, e leio... e quanto mais o leio mais me sinto... Cada frase, cada palavra me toma de forma avassaladora. Alguns de seus textos poderiam não me dizer nada, mas sempre dizem... Algo sempre me toca (e toca fundo...) Por vezes, prendo-me mais nos trechos que no todo, e não raro, o simples título fala inteiro para mim. Como esse: “Uma história de borboletas”, e o trecho: “Tudo é natural, basta não teres medos excessivos, trata-se apenas de preservar o azul das tuas asas”... E eu aqui, tentando arrancar algo desse teu silêncio covarde (excesso dos teus medos...), tentando encontrar asas onde o azul já se perdeu há muito tempo. E querendo! Querendo muito ter uma história pra contar. Queria uma história agora ( a nossa...), uma história de borboletas, mesmo que já não houvesse borboleta alguma ( mas há, só não sei ao certo em qual momento ela abandonou sua própria história...). Há ainda tanto por dizer, tudo por acontecer, e uma história que não termina, e que, no entanto, já não sei contar... É que existem coisas que palavras não contam (o silêncio já foi mais preciso, não hoje!). Quando o olhar cala e borboletas não vê(e)m, o amor não encontra a fala, desaprende o gesto. Alturas não bastam e não há asas pro azul. Quando o gesto falta, sobram silêncios... E já não são os mesmos! São apenas silêncios, e só...

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